quinta-feira, 22 de abril de 2010

O CAMINHO DA SIMPLICIDADE



Medo de fazer feio é arrogância, é vaidade. Quem nao tem vaidade nem arrogância é uma pessoa simples, não tem medo de nada. Qualquer medo é arrogância, é orgulho.
Quem não tem orgulho, não tem pose, não tem nada a perder. Mete a cara em qualquer coisa. E quando erra, acha ainda engraçado, dá risada de si. Isso é gente boa. É gente que erra pouco e acerta muito.


Calunga

OUTONO



Outono vem

Poe vermelho na tela

Hora de calar

Renascer só na primavera

o amor tem sono

folhas se desprendem das arvores

agasalho de volta

pro dono

despedida do verde

delicia de tons

perceba o meu flerte.

VASTAS EMOÇÕES E PENSAMENTOS IMPERFEITOS



Faz tempo que não escrevo por aqui. Não faltou vontade, porque tudo o que vivo ou sinto, tenho vontade de compartilhar. Comecei a preparar um lindo texto sobre a sexta feira da Paixão. Enfim, descobri que Paixão significa Sofrimento e queria viajar nesse assunto. Mas não escrevi, assim como a Paixão passou. A paixão sempre passa.

O outono chegou. Ele sempre chega. Tardes melancolicas, mas uma melancolia que nao fere, alimenta. Me faz recordar de tempos antigos... e se recordar é passar novamente pelo coração,  adorei reviver essas lembranças.

Lembrei de coisas quase esquecidas. Como por exemplo, quando era uma criança ainda, e adorava ir assistir filmes de western com meu Pai. Não que eu fosse fã desses filmes, mas achava interessante a companhia, me sentia adulta. Quando criança, sempre imaginei que a vida fosse como nesses filmes. Os fracos não tem vez.

Lembrei que chegava a passar tardes inteiras no conservatório da minha tia, ouvindo a música O GUARANI de Carlos Gomes. E meu pensamento viajava em florestas, mares e céus. Talvez O Guarani tenha sido responsável por abrir as portas da minha percepção.  Ate hj quando ouço a introdução, meus olhos se enchem de lágrimas.

Engraçado lembrar da pensão da minha bisavó e sua frase única: "primeiro a obrigação, depois a diversão". Não existia um minuto de silencio naquela pensão, mas também não existia tempo para a tristeza.

Tão bom lembrar desse tempo distante e saber que um dia eu fui uma criança...inocente. E depois de tanto tempo, as vezes penso ser essa mesma criança...


quinta-feira, 1 de abril de 2010

A BORBOLETA PÁLIDA



A Borboleta Pálida




A rotina maltrata homeopaticamente um a um. O calor oprime a cada poro. A sala repleta de retratos pálidos e sonoramente silentes. O discurso passeia pelo ar em busca ávida por um destino. Ventiladores fazem a trilha musical. Janeiro desabrocha além das muralhas amarelas. O jaleco branco tenta desesperadamente dogmatizar a verdade e legitimar a justiça. A moral cambaleia enquanto se acomoda desajeitadamente. O tempo simplesmente não é. O círculo profano medita pela distante norma. O silêncio fonado irrompe de forma elegante, caribenhamente colorida e inusitada ao meu lado:


- CAAFÉÉÉ!

Ramon Recaman


Sobre o Autor:  Ramon é estudante de Psicologia. Engraçado defini-lo assim: estudante. Conhece como poucos o outro, sempre viveu perto do coração selvagem.  Ramon permanece perto do coração da vida. Diferente, inaugural e transgressor, se autocriando e autodevorando como um sol que ilumina enquanto queima a si mesmo, e que aquece porque se consome. Fênix. O conheço há mais de 10 anos e por algum mistério não identificado, o tenho como um irmão, até mais que meu irmão. Para estar perto nao é preciso estar ao lado e sim do lado de dentro. E ele sempre esteve do lado de dentro. Vivi muitas coisas inesquecíveis e uma delas foi quando Cassia Eller no meio de um show fez uma pequena pausa pra cumprimentá-lo brevemente! Momento único! Até ela percebeu a sua estrela. E acho que a única resposta pra ele ter atuado tanto tempo na escuridão, era só pra descobrir-se luz.

Esse poema foi escrito em homenagem ao músico Dudu Caribé, e fiquei muito tocada. Não só pela emoção, mas pela precisão da escrita que nos leva para o ambiente e é quase um soco. Na hora tive a idéia de levar esse poema para meu show. Já mostrei para meus meninos e causou a mesma impressão a todos. Por isso tive a ideia de compartilhar aqui nesse blog. E quero leva-lo ao shows. Vou declama-lo para melhor me compreender. Quem sabe assim, através da música, consigo colocar cores nessa borboleta pálida, que certamente hoje sobrevoa em jardins de delícia e paz.

Fica a promessa agora de um livro. Ansiosa. Ramon nao vai escrever histórias, vai escrever a vida!