quinta-feira, 1 de abril de 2010

A BORBOLETA PÁLIDA



A Borboleta Pálida




A rotina maltrata homeopaticamente um a um. O calor oprime a cada poro. A sala repleta de retratos pálidos e sonoramente silentes. O discurso passeia pelo ar em busca ávida por um destino. Ventiladores fazem a trilha musical. Janeiro desabrocha além das muralhas amarelas. O jaleco branco tenta desesperadamente dogmatizar a verdade e legitimar a justiça. A moral cambaleia enquanto se acomoda desajeitadamente. O tempo simplesmente não é. O círculo profano medita pela distante norma. O silêncio fonado irrompe de forma elegante, caribenhamente colorida e inusitada ao meu lado:


- CAAFÉÉÉ!

Ramon Recaman


Sobre o Autor:  Ramon é estudante de Psicologia. Engraçado defini-lo assim: estudante. Conhece como poucos o outro, sempre viveu perto do coração selvagem.  Ramon permanece perto do coração da vida. Diferente, inaugural e transgressor, se autocriando e autodevorando como um sol que ilumina enquanto queima a si mesmo, e que aquece porque se consome. Fênix. O conheço há mais de 10 anos e por algum mistério não identificado, o tenho como um irmão, até mais que meu irmão. Para estar perto nao é preciso estar ao lado e sim do lado de dentro. E ele sempre esteve do lado de dentro. Vivi muitas coisas inesquecíveis e uma delas foi quando Cassia Eller no meio de um show fez uma pequena pausa pra cumprimentá-lo brevemente! Momento único! Até ela percebeu a sua estrela. E acho que a única resposta pra ele ter atuado tanto tempo na escuridão, era só pra descobrir-se luz.

Esse poema foi escrito em homenagem ao músico Dudu Caribé, e fiquei muito tocada. Não só pela emoção, mas pela precisão da escrita que nos leva para o ambiente e é quase um soco. Na hora tive a idéia de levar esse poema para meu show. Já mostrei para meus meninos e causou a mesma impressão a todos. Por isso tive a ideia de compartilhar aqui nesse blog. E quero leva-lo ao shows. Vou declama-lo para melhor me compreender. Quem sabe assim, através da música, consigo colocar cores nessa borboleta pálida, que certamente hoje sobrevoa em jardins de delícia e paz.

Fica a promessa agora de um livro. Ansiosa. Ramon nao vai escrever histórias, vai escrever a vida!

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